Reconstrutivismo

O Construtivismo nasceu no início do século XX como uma utopia visual: a crença de que a arte poderia construir uma nova sociedade, moldar o espírito humano e refletir a ordem racional do mundo moderno.

Seus artistas acreditavam que a forma e a percepção moldavam não apenas o pensamento, mas a própria essência humana. A arte era, para eles, uma força de construção — um campo de ordem, disciplina e transformação interior.

Um século depois, o mundo é outro. Vivemos imersos em um fluxo contínuo de imagens, sons e distrações. A quantidade substitui a profundidade, e a experiência estética se dissolve em excesso.

Nesse cenário, Ricardo Kaur propõe o Reconstrutivismo como uma forma de resistência e reencantamento — um movimento que busca reencontrar sentido, ritmo e presença através da cor e da forma.

Em suas obras, a geometria também se torna linguagem emocional, e com isso cada estrutura parece conter um impulso vital, uma respiração que organiza o caos.

Por meio da cor e do equilíbrio das formas, Kaur reconstrói linguagens, abrindo portais visuais que convidam o olhar a atravessar a superfície e adentrar um universo próprio.

Se os construtivistas acreditavam na arte como força de construção coletiva, Kaur nos mostra a arte como força de reconstrução interior — uma forma de reorganizar o sensível em meio à velocidade, ao ruído e à complexidade da vida contemporânea.