Uma Jornada de Autoquestionamento com Paulo Ito

Como vimos, PAULO ITO VIVE! Com uma exposição que transcende as barreiras entre o passado e o presente a dualidade entre o familiar e o desconhecido se desenha de manei- ra sutil. Em “Tarde Demais para Morrer Jovem”, Paulo convida o espectador a explorar sua própria identidade e a refletir sobre a complexidade da realidade contemporânea, muitas vezes desconfortável e inegavelmente normalizada.

Ao adentrar o espaço, somos imediatamente envolvidos por uma atmosfera intrigante, desafiando nossa percepção e instigando uma jornada introspectiva. A interrogação persis- te: quem somos nós diante das complexidades da vida? Paulo Ito não apenas questiona
o campo material, mas também nos leva a uma profunda reflexão sobre a dualidade entre analista e paciente, em um ambiente onde se desenha o íntimo e o desconhecido.
A exposição é um mergulho profundo no tema do desconforto que se tornou parte integral de nossa existência cotidiana. Ito provoca incessantemente, nos incitando a questionar a normalidade da nossa saúde mental. Em um mundo onde a aparência muitas vezes supera a realidade, ele fala sobre aqueles que ignoram sua própria doença, perdidos na busca pela supremacia, sem perceber o preço pago pela ilusória perfeição.

A metáfora é habilmente explorada quando objetos do cotidiano se tornam protagonistas de narrativas provocativas, desafiando a noção de certo e errado. Cada obra é uma história, uma escultura sugestiva ou uma pintura que expõe as situações em que nos encontramos e que muitas vezes optamos por não corrigir.

O artista explora as contradições da existência contemporânea, em que lidamos com situações que nos corroem por dentro, mas que muitas vezes permanecem invisíveis. Suas obras incitam à ação, provocando a vontade de consertar o que está errado, seja um quadro torto ou rever o nosso tempo, que nos escraviza. Somos confrontados com a dualidade de sermos aparentemente sorridentes, repletos de likes nas redes sociais, enquanto interna- mente muitos tem feridas não tratadas.

Os objetos representados nas obras se tornam portadores de memórias, revelando uma jornada para lugares nunca explorados, mas sempre recordados. Ito diz que quando crian- ça em 83 na praia de Pinarella di Cervia (Itália), tinha a percepção de que tudo ia dar certo, no entanto, depois de tantas experiências desafiadoras, ele se pergunta se esse mundo é genuinamente belo ou se é, na verdade, uma intricada armadilha que desafia nossa percep- ção da realidade.

Texto escrito por Raul Zeferino

Tarde Demais Para Morrer Jovem
Uma Jornada de Autoquestionamento com Paulo Ito