“PERDA”
‘PERDA’ acompanha a trajetória mais madura do artista que traz o corpo como eixo principal de seu trabalho
O corpo é o eixo do trabalho de Rafael Hayashi, assim ele chega na galeria A7MA a partir do dia 20 de agosto com a exposição “PERDA“. O público poderá visitar suas pinturas até 26 de setembro,de segunda a sábado, das 11h às 20h. Com entrada gratuita e agendamento de grupos para visitação.
Gradualmente, a expansão da linha virou preenchimento e mancha, mas o movimento largo e contínuo nunca desapareceu. Hayashi migrou do desenho para a pintura de forma lenta e natural, sem fronteira abrupta, já que o protagonismo reside no gesto, não na técnica. O gesto do traço, ou pinceladas, encontra rima no gesto das figuras representadas. Essa relação é pilar de coerência na história do pintor. Seus desenhos e pinturas têm muito de dança.
PERDA é o nome da exposição que condensa os trabalhos mais maduros de seu percurso. Aqui o movimento das pinceladas tem como base a anatomia humana, mas se desprende da representação realista. Os músculos se dissolvem em nuvens viscerais, nebulosas. Existe abstração dentro da figuração. Os corpos são maciços, mas o aspecto gasoso do acabamento e o branco que cerca e isola as escuras figuras atribui a elas leveza fantasmagórica. Em algumas pinturas, pequenos elementos chapados ‒ facas ‒, contrastam com a característica pictórica do resto do trabalho, reforçando a singularidade da pesquisa de Hayashi. O peso das figuras empresta aos trabalhos uma característica escultórica. O relevo da tinta é visível. Ela é aplicada e depois removida, com um pedaço de tecido, abrindo manchas de luz na sombra. Esse movimento associa-se mais com a escultura que com a pintura, já que não trabalha acrescentando, mas sim retirando material,e revela algo que se escondia na matéria opaca.
“A dimensão dos trabalhos de PERDA é a do indivíduo e suas relações. Não existem cenários, mas uma paisagem sentimental. Não existe horizonte pois o olho é do humano sobre o humano, não do humano em seu meio. A tragédia é inegável”, define Henrique Vieira, artista e amigo de Hayashi.
Hayashi é artista plástico formado no Instituto de Artes da UNESP, fez da pintura a carne do seu produto artístico. No início de sua pesquisa imagética a linha modelava os corpos humanos. Essa linha foi ganhando corpo, variações de espessura, sob forte influência da caligrafia oriental.
“Tragédia como filtro de leitura do mundo e das relações, não como fato. Ela se lê na forma como os corpos se torcem e se entrelaçam. Mesmo o desejo vibra trágico, junto com raiva, angústia e muitas vezes ternura. Esta última também se veste de tragédia, em clima de Pietá…. Aqui, na esfera do conteúdo, o contraste novamente aparece: Ternura e Tragédia convivem, e o contraste dos conceitos grifa suas particularidades. A pintura é vibrante, pois Hayashi rege as tensões criadas pelos contrastes com firmeza e competência”, completa Henrique.
Sobre a galeria
No espaço de arte e cultura, A7MA (lê-se a sétima), em São Paulo, somam artistas, telas pincéis e amigos – por meio do desejo genuíno de amplificar a arte contemporânea com influencias da rua, até o limite do possível. Fundada em 2012, é organizada por Marcos Ramos ˚Enivo, Tché Ruggi, Cristiano Kana , Alexandre Enokawa e Raymond Supino. Do indivíduo ao coletivo, muito além de um nome – athima (alma em hindu), a ‘A7MA’ é a representação da união de duas casas artísticas: o ‘Coletivo 132’ e a ‘Fullhouse’. Com mais de 100 m² de arte, o repertório cultural da galeria já tem mais de 30 exposições em seu catálogo e um acervo variado obras e é considerada um dos principais espaços na cidade, interessado exclusivamente pela arte de rua.